sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

GUIMARÃES ROSA E O UNIVERSO INTERIOR

 Por: Ayrton Chagas (2º Semestre de RTVI – FAPSP)

           O conto "A Terceira Margem do Rio", de Guimarães Rosa, foi o grande estopim para mais uma noite de debates a cerca do tema "O Homem Ilha". Este terceiro dia (10/12) da Semana de Literatura da FAPSP (Faculdade do Povo - São Paulo), contou com a participação de um convidado, o Prof. Antônio de Jesus Rocha, Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de História na Rede Estadual de Ensino, em Embu das Artes e ativista do movimento negro “Círculo Palmarino”. Também participaram no debate os docentes da FAPSP, Francisco José Nunes, organizador do evento, e Sergio Bars, Mestre em Comunicação e Mercado pela Faculdade Cásper Líbero.
            Trazendo ao público mais uma grande obra da literatura, o Prof. Sergio Bars realizou a leitura deste conto de nome enigmático, por não apresentar lógica no mundo da razão, lançado em 1962 no livro "Primeiras Estórias", de Guimarães Rosa. O conto retrata a decisão repentina de um pai de família do interior do país, que manda construir uma canoa e nela passa a habitar a enigmática "terceira margem do rio". A enunciação do narrador, seu filho, busca explicação para o acontecido, também se envolve com a grandiosidade do rio, tanto física como espiritualmente. A todo o momento expressa seus sentimentos, a vastidão de pensamentos e reflexões sobre si e seu pai, dialoga com a busca do subjetivo humano e expressa a visão e reação humana, ao deparar-se de maneira incrédula com a dura realidade da vida.
             Após a leitura do conto, o público assistiu a versão cinematográfica desta obra, produzida em 1993 pelo diretor Nelson Pereira dos Santos, figura importantíssima para o cinema brasileiro, por trazer para as telonas, verdadeiras obras primas da literatura. O filme reúne trechos de outros quatro contos de João Guimarães Rosa, são eles: "Menina de Lá", "Fatalidade", "Sequencia" e "Os irmãos Dagobé ", adaptados para falar do contraste entre o Brasil rural e o urbano. Em seguida aconteceu a sessão de debates entre professores e alunos.
            Destacando a importância do legado de João Guimarães Rosa, os mestres ressaltaram que o escritor mineiro trabalhou com a língua e a linguagem em sua origem, em sua essência, sendo um grande pesquisador do interior, apresentando em suas obras musicalidade, descrição do ambiente rural e criação de palavras através da junção de descrições.
            Para encerrar a noite, o Prof. Francisco Nunes perguntou para os debatedores: "Por que ler Guimarães Rosa”? O professor Antônio de Jesus Rocha disse que devemos ler as obras do escritor mineiro para podermos ir além do ser humano superficial, para compreendermos a importância pela "buscar do eu", entender o nosso lado subjetivo. Já o professor Sergio Bars destaca que Guimarães faz o leitor "mergulhar"no universo cultural das linguagens e que ler a sua obra é fundamental para humanizar as pessoas. O organizador da semana literária, Francisco Nunes reforçou o objetivo do evento: proporcionar um ambiente agradável e criativo para os estudantes e convidados entrarem em contato com importantes obras da literatura brasileira, da América Latina de língua espanhola e da literatura de Portugal.
A Semana de Literatura na FAPSP segue até a próxima sexta-feira (12/12), com grandes apresentações, como o filme "O Conto Chinês", o documentário "José e Pillar" e instalações que reproduzem o ambiente do livro "A Invenção de Morel". PARTICIPE!

FONTE :http://literaturanafapsp.blogspot.com.br/2014/12/guimaraes-rosa-e-o-universo-interior.html

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